5 de novembro de 2008

"Depois"...




Não foi dessa vez
Mas pode ter certeza
Mal posso esperar
Pra fugir da tristeza
Amanhã talvez
Vai ser um carnaval
Vão falar de mim
Pro bem ou pro mal
Tomo um café e um guaraná pra me animar
Mas ficou tão tarde
Que é melhor deixar pra lá...

Prometo, juro, garanto
Vou resolver tudo isso
Assim que tiver coragem
E mais nenhum compromisso!! :)

(Pato Fu)



2 de novembro de 2008

Por dentro...

Eu não tenho muito, quase nada,
Só a sombra do meu corpo sobre a estrada
Misturada a galhos secos...
Eu só tenho becos e perguntas,
Minha alma e minha culpa dormem juntas.

Eu não tenho frio nos meus versos,
Mas também não sei dos outros universos
Que carrego paralelos...
Eu não tenho elos, nem correntes,
Meus "fantasmas" sempre foram diferentes...

Eu não tenho ilhas num tesouro,
Um lugar em casa para o desaforo,
Nem espaço pra lamento...
Eu não tenho vento que me pegue,
Nem diabo que me agüente ou me carregue...

Eu tenho convites e te chamo,
Minha natureza está no que eu te amo...
Mesmo nesse mundo louco
Eu só tenho pouco tempo, agora posso esperar
Mas não demora...

No silêncio do vazio,
Arrastando maravilhas,
Nem vertigem, nem limites,
Daqui a pouco é outro dia...

(Marcela Biasi)

"SOS"



No cartão de procedência
Pouco importa onde nasci
Busquei rumo e me perdi
"Querência, minha querência"
Desde então me chamo ausência
Porque me apartei de ti

Como um cavaleiro andante
Das léguas que caminhava
Sempre que me aproximava
Dos sonhos correndo adiante
Mais me sentia distante
Daquilo que procurava

Quem vira mundo não pára
Nem tão pouco desanima
Há uma lei que vem de cima
Na estrada do tapejara
Tempo que nos separa
É que mais nos aproxima
Quem vira mundo não pára
Nem tão pouco desanima

E neste andejar em frente
Sem procurar recompensa
Fui vendo na diferença
Entre passado e presente
Que a lembrança de um ausente
Tem mais força que a presença

Já no final da existência
Saudade, tempo e distância
Pra conservar a fragrância
Da primitiva inocência
Me tornei canto de ausência
Querência da minha infância

(Luiz Marenco)

"Metáfora"

Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz lata
Pode estar querendo dizer o incontível...

Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz meta
Pode estar querendo dizer o inatingível...

Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata.
Na lata do poeta tudo-nada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível...

Deixe a meta do poeta, não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa;
Meta dentro e fora, lata absoluta,
Deixe-a simplesmente metáfora...


(Gilberto Gil)