27 de fevereiro de 2010

Homenagem ao Malandro



Eu fui fazer um samba em homenagem

à nata da malandragem,
que conheço de outros carnavais.

Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.

Agora já não é normal,
o que dá de malandro regular profissional,
malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;

malandro com contrato,
com gravata e capital,
que
nunca se dá mal.

Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha,
tem mulher e filho e tralha e tal.

Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe, chacoalha, no trem da central...

(Chico Buarque)