15 de dezembro de 2007

... a tão sonhada 'comunicação'!!!

[...] existe a barreira entre a imagem e a linguagem. A mente pensa em imagens, mas para se comunicar com outra deve transformar a imagem em pensamento e depois o pensamento em linguagem. Essa marcha, da imagem para o pensamento e para a linguagem, é traiçoeira. Acidentes acontecem: a rica e macia textura da imagem, sua extraordinária plasticidade e flexibilidade, suas nuanças emocionais e nostálgicas, privadas – todas são perdidas quando a imagem é transformada à força em palavras.
Os grandes artistas tentaram comunicar a imagem diretamente por meio da sugestão, metáfora, de façanhas lingüísticas que pretendiam evocar uma imagem similar no leitor. Mas eles acabaram compreendendo a inadequação de seus instrumentos para a tarefa. Ouçam o lamento de Flaubert, em Madame Bovary:

Enquanto a verdade é a
plenitude da alma que pode às vezes transbordar na pura insipidez da linguagem, pois nenhum de nós pode jamais expressar a exata medida de suas necessidades ou de seus pensamentos ou de suas tristezas, e a fala humana é como um tambor rachado em que tamborilamos ritmos ásperos para os ursos dançarem, desejaríamos compor uma música que derretesse as estrelas...
(O Carrasco do Amor, Irvin D. Yalom - pg. 195)