25 de janeiro de 2008

21 de janeiro de 2008

Quando... (?)

Alçar o vôo livre, se lançar,
no mar azul do vento velejar...

Quando o coração ascende,
explode como o brilho de cristal;
lança nas manhãs a primavera,
é como o arco-iris na janela do quintal!

Quando o coração atende,
se atira e se deixa levar,
abre suas asas contra o vento,
como uma ave que começa a se soltar.

Quando o coração aprende,
toma de assalto a direção,
dispara de tanta felicidade,
respira a liberdade que desponta como o sol...

Alçar o vôo livre, se lançar,
no mar azul do vento velejar...
Vôo Livre - Thomas Roth

Educação dos Sentidos - Parte I

é mais fácil cultuar os mortos que os vivos,
mais fácil viver de sombras que de sóis,
é mais fácil mimeografar o passado
que imprimir o futuro...

não quero ser triste
como o poeta que envelhece
lendo maiakóvski na loja de conveniência...
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre
sob o sol de domingo...
nem quero ser estanque
como quem constrói estradas e não anda...

quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas...

amoras silvestres no passeio público,
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas,
tempestades que não param,
pára-raios quem não tem,
mesmo que não venha o trem não posso parar!

veja o mundo passar como passa,
uma escola de samba que atravessa...
pergunto: onde estão teus tamborins?
pergunto: onde estão teus tamborins?
sentado na porta de minha casa,
a mesma e única casa,
a casa onde eu sempre morei...


Minha Casa - Zeca Balero

20 de janeiro de 2008

Tato...



Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço

Que pensamento,
A tua mão

E a retiraste.
Senti ou não?
Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória

Fixa e corpórea
Onde pousaste

A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido,
Mas tão de leve! [...]
Como se tu,
S
em o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,

Súbito e etéreo,

Que nem soubesses

Que tinha ser.
Fernando Pessoa