20 de janeiro de 2008

Tato...



Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço

Que pensamento,
A tua mão

E a retiraste.
Senti ou não?
Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória

Fixa e corpórea
Onde pousaste

A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido,
Mas tão de leve! [...]
Como se tu,
S
em o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,

Súbito e etéreo,

Que nem soubesses

Que tinha ser.
Fernando Pessoa

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